quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

~~O Valor da Companhia~~







Resolver compromissos nem sempre são sacrifícios, principalmente se estiver em boa companhia, de preferência em ótima companhia. Saí com O Criador no peito e levei um criador no colo, sugerido por outro criador. Todo trajeto pode ser apreciado como se fosse um passeio, o fluir é melhorado, as vezes mudar o itinerário ou parar numa praça, quem sabe? Sair com tempo de sobra é ótimo pois cada volta é inédita. Utilizei um transporte público, ônibus, prefiro as janelas com paisagens, já que estou sem pressa, sentei-me e me entreguei à leitura. Os livros de contos dão certo nos dias de atividades administrativas, pausas e recomeços com a história completada. Acertei no de hoje. Fiquei maravilhada com a primeira história que li, que criador magnífico para ilustrar a alegria através das palavras, um revelador verdadeiro da sensação. Existem versos em alguns textos assim como há poesia nas nossas vidas, mesmo na rotina. Alguns versos valem uma epopeia. Uma simples frase pode qualificar um obra, imagine muitos então...E me transformei no menino. E abracei o criador com O Criador que mora em mim. E chorei com o menino o choro que ele guardava. E peguei-o pelas mãos e saí a conversar por aí sobre certas mazelas no intuito de resgatar-lhe a alegria. Porque tinham que matar o peru? Porque? Por isso que eu não como mais bicho...só peixe. Contei pra ele a história que um Anjo me contou, de como Ele (o Anjo) tinha conseguido demonstrar o seu amor por uma fera até a mesma ficar sua amiga. Ele entrou numa mata densa e ela se aproximou: uma pantera negra, belíssima e  assustadora, com olhar de fome, mas Ele, Anjo que é, lançou-lhe um sentimento de amor tão intenso e perfeito que o animal rolou por terra como se fosse um gato doméstico. E a pantera virou sua protetora por muitas vezes que Ele precisou se aventurar por esse caminho. Até que um dia, enquanto o Anjo repousava, chegou um outro felino tão forte quanto a sua amiga. Em defesa do Anjo as panteras travaram um combate mortal, ambas morreram e o Anjo notou o olhar derradeiro da sua protetora, assim Ele ficou como o menino sem o peru. Disse o Anjo que tamanho foi o amor que ela não caberia mais naquele corpinho limitado, foi o que eu disse ao menino para que ele lembrasse sempre da beleza do animal tão amado. Amei o menino, passei o dia com ele. Viramos rio no outro conto e cantamos canções esquisitas no outro. E torcemos pela vaca laranja que, vitoriosa, traçou um destino livre com muita coragem. E corremos pelo terreiro em saudação ao arco-íris quando me vi menina a observar pássaros e operar milagres no silêncio. Cheguei mais vibrante no íntimo, fiz uma refeição frugal, nutrida já estava. Sou muito grata à vida.



Levei um livro de contos do criador, escritor João Guimarães Rosa, Primeiras Estórias, excelente companhia.

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