sexta-feira, 5 de outubro de 2012

~~Análise~~





Quantas coisas para se falar
penso que não caberá aqui.
Ouço sinos quando ando,
desde uma meia-noite
a muitos anos atrás.
Sinos a meia noite?
Sim, quando passávamos...

Tantos momentos intensos
que não cabem nesse lugar.
Aquela ventania por entre as mãos
enquanto a mulher cantava
e proclamava a glória
do Rei dos Reis
ao meu lado?
Ventania nas mãos?
Sim, mas eu abri os olhos...

Muitas imagens que passam

é melhor abrir a janela
antes que elas invadam
e nos coloquem pra fora.
As horas redondas que chamam
desde o relógio branco que ganhei
trocado por dois pedaços de bolo.
Trocou bolo por horas?
Sim, um anjo me ofertou...

São tantas noites de mel
que não cabem nessa esfera.
Posso pintar um quadro
cada cor mostrará o encanto,
posso recitar um canto
e se a voz embargar ao ponto
do espírito querer contar,
se calar, brilhará em luz 
e irradiará esse jeito de amar.
Posso bordar um ponto dourado
e se sair pra passear 
levarei por onde passar
essa essência de surpresas.
Noites de mel?
Sim, meu amor impossível,
amante invisível, sonho de valsa...

Tenho tanto a transbordar

que não cabe mais aqui dentro,
abra a janela depressa  
têm flores que querem entrar,
e as aves tão cheias de cores
que tomam o meu lugar?
Meu corpo formiga inteiro
o que brota do fundo do peito
precisa do espaço infinito,
faça uma análise então:
Sinto tudo muito mais bonito.



O rosto de Tarsila do Amaral, pintado por ela.

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