Lembrar o que não deu certo, chorar o que foi chorado
acender a centelha do sofrimento é dar poder ao frio pois
o gelo da morte corrói e dói. Basta olhar para o lado nas ruas,
homens que se abandonam e sentirás a bruma gélida do engano.
Olhar para o passado, amado e fixar-se nas lições provadas
é despertar sombras, recolherás por acaso meu pranto?
Beijarás minha dor? Agasalharás soluços?
Ao aproximar-me de ti notei teu manto poético,
a capa de todos os poetas a te envolver por mérito
evoquei portanto a pomba pacífica para poder raiar digna
aos ouvidos refinados, apurados e críticos que te rodeiam.
Devem rir de mim. Dos meus equívocos linguísticos,
mas não me importo, desde que atinja o ponto, o toque da pele.
Sinto que acendi uma candeia que destrói o cheiro de bolor,
penetro no forro do tecido, na fibra, com carícias aveludadas
em honra ao calor da vida que nos dá as mãos e o sonho.
Quando adormeço no acalanto dos anjos, invento que me cobres.
Imagem do desenho animado Irmão Urso
Nenhum comentário:
Postar um comentário