- Vai encarar?
- Me ensina a voar! Ela respondeu.
Telepata, pensou nas alturas.
Dizem que ele cedeu...
E como ninguém trabalha de graça,
ela reinventou uma praça,
guardada dentro de um livro.
E num momento sereno e feliz,
desfrutaram do existir.
Roçaram penas, tocaram nuvens,
banharam-se no chafariz...
Secaram-se sobre rochedos,
beberam em rios ocultos,
subiram por alpes, exploraram cavernas,
contornaram montanhas,
queimaram pegadas na areia,
dançaram em coretos escuros, nos carrosséis...
- Somos de espécies diferentes!
Ele lembrou e beliscou, meio enjoado.
- Mas somos do mesmo gênero! Teu
canto é o mais belo que conheço
jamais enjoaria, pode fazer o bis.
- Voe! Anunciou antes de bater as asas.
A bicada fisgou seu peito, sangraram plumas
doeu por dentro, chorou uma lagoa imensa
e ali se lavou, afastada dolorida, se reservou.
- Nem ouviu os badalos dos sinos, nem
notou que o tempo parou...
E sobre um abismo profundo, voou.
Sorriu quando ganhava as alturas,
repleta transfigurou, e do alto assistiu
a lagoa que no centro rompeu uma flor.
Ela sente que perfumou.
Imagem: Brutus Ostling chamou a atenção desta gaivota com um pedaço de pão e conseguiu fazer este registro, na Noruega, publicada no dia da Terra, no site Terra.
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