quarta-feira, 15 de maio de 2013

~~Aula de Voo~~



- Vai encarar?
- Me ensina a voar! Ela respondeu. 
Telepata, pensou nas alturas.
Dizem que ele cedeu...
E como ninguém trabalha de graça, 
ela reinventou uma praça, 
guardada dentro de um livro.
E num momento sereno e feliz, 
desfrutaram do existir.
Roçaram penas, tocaram nuvens,
banharam-se no chafariz...
Secaram-se sobre rochedos,
beberam em rios ocultos,
subiram por alpes, exploraram cavernas,
contornaram montanhas,
queimaram pegadas na areia,
dançaram em coretos escuros, nos carrosséis...
- Somos de espécies diferentes! 
Ele lembrou e beliscou, meio enjoado.
- Mas somos do mesmo gênero! Teu 
canto é o mais belo que conheço
jamais enjoaria, pode fazer o bis.
- Voe! Anunciou antes de bater as asas.
A bicada fisgou seu peito, sangraram plumas
doeu por dentro, chorou uma lagoa imensa
e ali se lavou, afastada dolorida, se reservou.
- Nem ouviu os badalos dos sinos, nem 
notou que o tempo parou...
E sobre um abismo profundo, voou.
Sorriu quando ganhava as alturas,
repleta transfigurou, e do alto assistiu
a lagoa  que no centro rompeu uma flor.
Ela sente que perfumou.


Imagem:  Brutus Ostling chamou a atenção desta gaivota com um pedaço de pão e conseguiu fazer este registro, na Noruega, publicada no dia da Terra, no site Terra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário