Lá vai a caravana gay
vitoriosa em número e conquistas,
passa o trio elétrico e o canto
leva celebridades, presenças de palco,
leva, e no entanto é cega
à derrota que rola na pista,
no chão da Avenida Paulista.
Lá embaixo, o álcool devorador
consome fígados no asfalto,
o fígado periférico e o central.
Lá vai o trio, os pneus deslizam
sobre a urina fétida onde pisa a festa.
E lá, no canto escuro do parque
chora o garoto vitimizado, violentado.
O crack consome, consome e some.
O Museu estava de olhos fechados,
deixe-me surdo, deixe-me em paz! Mudo.
No domingo úmido, o tímido sodomizado.
Canta o externo, canta, mas a luta é maior
há que se observar a vida por dentro,
na aparente alegria, há um enorme lamento.
Haja arco-íris, aja no mundo interior!
Cantam hinos, Paula e Bebeto tremulam...
Ainda há muito o que se conquistar...
Será plena a vitória quando se olhar ao redor,
poder vislumbrá-lo limpo, não limbo.
Haja arco-íris no íntimo, na verdade de cada flor.
Dione Scarpelli
A foto é do jornal O Globo, via Google.
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