Esbarraram-se na calçada.
Ele nem notou que suspirou
na pressa em que estava.
Ela, distraída, andava comovida
prestando atenção na vida, ouviu...
Olhou aquele homem nu
que caminhava apressado
como que desgovernado
sem olhar pro lado
como se fosse agarrar no soco
o mundo já tão mudado.
Atravessou a avenida ligeiro
e ela, parada boquiaberta
notou do outro lado
aquela figura estranha
que acenava solto
como quem chama
e que desaparecia na luz do dia.
Perplexa por tal magia
ao passar pelo espaço
por onde ele havia partido
soltou seus pertences na ventania
e segurou o vestido
recolhendo os versos
que ali se fazia
dentre tantos que lia
uma inscrição lhe dizia:
amor e alegria
Poliu a vidraça da janela
de onde assistiu a cena tão bela
reservou a possibilidade da asa
pois voa longe, assim, dentro de casa...