Devo dizer que quero tudo.
Se você indagar o quanto quero,
direi que quero tudo.
Você, eu e todos os demais estamos fluindo
nesta manhã,
na maravilhosa corrente da unidade.
Pequenos pedaços de imaginação,
percorremos um longo caminho para encontrar
a nós mesmos, no escuro,
na ilusão da emancipação.
Nesta manhã meu irmão está de volta de sua
longa aventura.
Ele se ajoelha diante do altar e seus olhos
estão rasos d'água.
Sua alma está procurando uma praia onde possa
lançar uma âncora,
minha própria imagem de tempos atrás.
Deixe-o ajoelhar-se aí e chorar,
deixe-o expelir o choro de seu coração.
Deixe-o ter seu refúgio por milhares de anos.
O bastante para enxugar todas as suas lágrimas.
Porque numa destas noites virei.
Virei para botar fogo nessa pequena choupana
na colina.
Seu último abrigo.
Meu fogo destruirá,
a tudo destruirá.
Tirando dele o único bote que possui após
o naufrágio do navio.
Na extrema angústia de sua alma,
a concha arrebentará.
As labaredas da choupana em fogo irão testemunhar,
gloriosamente, sua libertação.
Eu esperarei por ele ao lado da cabana em chamas;
lágrimas rolarão por sua face.
Estarei ali contemplando sua nova existência.
E segurando suas mãos nas minhas,
perguntarei quanto ele deseja.
Ele sorrirá para mim e dirá que quer tudo.
Assim como eu fiz.
Thich Nhât Hanh
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